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INPE – Ministro retoma plano para ‘desmonte’

Chico Pereira
 São José dos Campos

 
O Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), em São José dos Campos, recebe hoje o ministro Marco Antonio Raupp (Ciência, Tecnologia e Inovação) em clima de apreensão por conta dos projetos em estudo para a reestruturação do programa espacial.

Estudo do ministério prevê a transferência de setores considerados estratégicos do instituto para outras esferas do governo federal.

Para o SindCT (Sindicato Nacional dos Servidores Públicos Federais na Área de Ciência e Tecnologia do Setor Aeroespacial), a proposta esvazia as atividades e o papel do Inpe no setor espacial no país.

Segundo o sindicato, Raupp planeja transferir o setor de engenharia e tecnologia espacial para a AEB (Agência Espacial Brasileira).

O setor é responsável por projetos e construção de satélites no país e um dos que tem maior dotação financeira no instituto.

Ainda segundo a entidade, o projeto contempla a transferência do Cptec (Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos) e o Centro de Ciência e Sistema Terrestre, que desenvolve estudos sobre mudanças climáticas globais, entre outros projetos, para o Ministério da Agricultura e Abastecimento, no qual ficariam subordinados ao Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia).

A preocupação tem como base portaria conjunta editada pelos dois ministérios em julho, que criou um Grupo de Trabalho Interministerial para avaliar, entre outros pontos, a integração institucional do Cptec e Inmet, conforme relatório elaborado em 2004 pelas pastas.

 “As propostas do ministro representam o desmonte do Inpe. O setor de engenharia, por exemplo, é o que mais verba possui e é o responsável pelos contratos para a construção de satélites”, disse o vice-presidente do sindicato, Fernando Morais.
 
Manifestação. Raupp visita hoje o INPE para participar da festa de 51 anos de criação da instituição. Também estará presente ao evento o presidente da AEB, José Raimundo Coelho, amigo e homem de confiança de Raupp.

 O SindCT convocou servidores para uma manifestação na portaria do LIT (Laboratório de Integração e Testes), onde acontecerá a festa, contra os planos do ministro. “Queremos esclarecimentos sobre as mudanças que o ministro quer impor ao Inpe”, disse Morais.

Fusão. No ano passado, quando ainda presidia a AEB, Raupp iniciou estudos para a reestruturação do Programa Espacial Brasileiro.

Um dos pontos previa a fusão do Inpe e da AEB.

A proposta enfrentou forte resistência na comunidade do Inpe e foi um dos motivos que levaram Gilberto Câmara, ex-diretor da instituição, a deixar o cargo dois anos antes do término do mandato.

Ao assumir a pasta da Ciência, Tecnologia e Inovação no começo de 2012, Raupp ‘desengavetou’ a proposta.
 
Outro lado. Ontem, o MCTI não se manifestou.  
 

Servidores relatam clima de apreensão com o futuro
 

 São José dos Campos

 

A proposta do MCT para a reestruturação geral do Inpe preocupa os servidores da instituição em São José.

Segundo relato de funcionários, o assunto é tema de conversa em todos os setores do instituto.

Entre os rumores que circulam no campus do Inpe é que o ministro Marco Antonio Raupp também almejaria acabar com os cursos de pós-graduação da área de engenharia.

“Há uma preocupação geral entre os servidores”, disse Mário Baruel, tecnologista e funcionário do Inpe há 34 anos.

Ele relatou que a comunidade do INPE estranha o fato de o assunto até agora não ser debatido entre a comunidade.

“O que preocupa é que a comunidade até agora não foi consultada sobre as propostas que estão sendo divulgadas”, afirmou o servidor.

“Entre os funcionários, a preocupação é com a possibilidade de esvaziamento do Inpe e do atrelamento do instituto à AEB (Agência Espacial Brasileira)”, disse ele.
 

Carta.
 

No final de julho, o Sindicato Nacional dos Servidores Públicos Federais na Área de Ciência e Tecnologia do Setor Aeroespacial encaminhou uma carta para a presidente Dilma Roussef (PT) pedindo transparência na decisão de subordinar o INPE à Agência Espacial Brasileira.

 A carta, elaborada durante um debate sobre a questão, foi entregue ao deputado federal Ricardo Berzoini (PT-SP), que ficou encarregado de levar o documento à presidente.

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